Escrito por: Gael Cardeal
Matheus Ferreira é do interior de São Paulo e descobriu seu amor pela Publicidade bem cedinho, mas por causa do curso não existir perto de onde morava, teve que se mudar e fazer algumas loucura em troca de sua formação. Hoje, com 28 anos, ele colhe o fruto do seu esforço através do seu blog e alguns jobs que faz por aí (A.U.G.E).
Para começar logo com torta de climão, ou não, você sempre teve certeza do que queria ou em alguns momentos você pensou em desistir?
Quem fala que nunca pensou em desistir, é um belo de mentiroso. Eu pensei em desistir muitas vezes. Foi uma loucura eu ter seguido essa profissão, pois eu tinha 17 anos na época em que decidi, e essa não é uma idade muito boa para se decidir algo. Hoje, eu já não faria isso, pois o risco de dar errado era muito grande, tanto que ainda hoje, quando falo com vocês que estão na universidade ou que já se formaram, o número de pessoas que não estão atuando na área é muito grande. Eu poderia ser mais uma dessas pessoas, não por falta de esforço, por que eu me esforcei muito e muitas pessoas também, e ainda assim não conseguiram. O que me mantém focado no meu objetivo, é não me ver onde estou, mas ver o quanto eu consegui progredir, mas a partir do momento em que eu me sentir estagnado, sem poder sair, talvez seja a hora de partir para outra coisa.
Conforme o tempo vai passando, percebemos que a Publicidade se transforma e, e os publicitários devem seguir nessa mesma linha para não ficar para trás. Você poderia dar algumas dicas e contar algumas experiências de como fazer isso?
O mercado se reformula, não porque ele é bom. Não se vende criando estereótipos como antigamente, pois hoje as pessoas precisam se ver, porque se ela não se ver, ela não compra. Isso acontece, porque quem mudou foi o público. Ele entendeu que tem o poder maior, o dinheiro. Ainda existem pessoas que estão atrasadas, pois muitas coisas incríveis são desenvolvidas na base do Planejamento e Criação, mas na hora de veicular, os diretores vão podando tudo até virar a mesma publicidade de antigamente, nisso, acabam surgindo agências menores. Nessas agências, temos pessoas com mentes diferentes no comando, onde a publicidade começa a mudar. Portanto, quem sempre estiver atualizado, vai se manter no mercado.
Os Estados Unidos são campeões na veiculação de campanhas que as marcas “cutucam” os seus concorrentes, tipo Pespi e Coca. O que você acha desse tipo de Publicidade? Você acha que o CONAR deve liberar campanhas assim no Brasil?
O CONAR teve que investigar sua própria publicidade, e ainda se acha no direito de dizer ao público o que é uma publicidade correta ou não, mas ele precisa entender que o importante é o que o público vai achar certo. O CONAR é extremamente corporativista, então ele o mercado, não o consumidor. Para o mercado, não é bom que as empresas se digladiem entre si, pois se isso acontecer, ninguém vai sair ganhando, além do consumidor, pois essa briga vai chegar ao preço, o que seria bem ruim para ambas as empresas. Em contrapartida, eu não gosto dessas publicidades porque eu acho que essa briga beira ao infantil, deixando de lado toda a criatividade, focando apenas em cutucar os pontos negativos de seu concorrente, ao invés de mostrar o que o seu produto tem de bom, então, ao invés de falar que o concorrente é ruim, fale por que você é bom.
Devemos trabalhar com o que gostamos, buscar o dinheiro ou achar um equilíbrio entre isso?
Eu fui atrás do que eu gostava e muitas vezes eu pensei que deveria ter ido atrás de dinheiro, mas, por outro lado, se você trabalha com algo que você gosta, quando analisa um todo e vê sua evolução, você tem uma grande satisfação pessoal que não há dinheiro que compre. Às vezes, apostar na estabilidade financeira pode te deixar louco e com vontade de ir para a Irlanda, e essa vontade eu não tenho, pois eu faço o que eu quero e gosto. Existem pessoas que não sabem lidar com a incerteza, e vão ao que lhe é cômodo. De duas, uma. Ou vão viver uma vida mediana para sempre, ou vão surtar em alguma hora, portanto, se você buscar algo que gosta, não irá valorizar quanto ganha, mas sim suas conquistas pessoais.
O profissional deve se especializar em apenas uma área ou ele deve ser o famoso faz tudo?
Isso é uma questão de perfil. Eu nunca fui especialista em nada, mas sei de tudo um pouco, isso me direcionou na publicidade do meu blog, onde eu falo de muitos assuntos e tenho uma visão diferente de tudo. Há pessoas que sabem pouco do geral, mas sabem muito da sua área. Elas são mais valorizadas no mercado, pois quando uma empresa procura alguém que resolva um problema muito grande, vai atrás de um especialista e aceitam pagar o preço necessário para ele. O mercado, de uma maneira geral, quer ditar uma regra, ou você é isso ou você é aquilo, mas na minha visão, você tem que se identificar com o que você quer ser.
Você acha que a profissão de publicitário começa na faculdade ou apenas quando formado?
Não, pois é uma construção que se começa antes da faculdade e nunca termina, e quem humildade para reconhecer isso, é quem chegará mais longe.
Qual o poder dos memes na internet? Isso é bom ou ruim para as empresas?
Para as empresas é ótimo, e demonstra que elas estão atualizadas. Há seus prós e contras, mas depende da visão de cada pessoa. Algumas empresas e publicitários querem colocar meme em tudo, parecendo que só existe isso, no começo é muito legal, mas é necessário dosar para que não traga um aspecto negativo para a marca.
Se você pudesse dar conselhos para você mesmo do passado, quais seriam? Libera aí para os jovens publicitários que atualmente estão na faculdade ou querem entrar.
Faça o que te dê prazer e nunca desista; Tenha paciência porque tudo tem seu tempo e seja menos ansioso, pois existe espaço para todos.
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